Memórias da Banda Desenhada Nº170
Por Jorge Magalhães | O Louletano, 11 de Maio 2009
O nosso herói chega a ser encerrado num caixão, que mãos misteriosas (de supostos fantasmas) empurram para uma cave prestes a ser inundada. Cuto salva-se graças ao seu extraordinário sangue-frio, mas não ganha para o susto... apesar das almas do outro mundo serem tão falsas como o disfarce utilizado pelos habitantes do castelo, uma quadrilha de ladrões de bancos, cuja nefasta carreira acaba num sangrento ajuste de contas.
"Cuto no Castelo do Terror" é uma história de transição — que cronologicamente antecede de alguns meses "Tragédia no Oriente", embora n'O Mosquito tenha sido publicada logo a seguir a esta aventura, entre os n°s 766 e 773 —, o que explica o tratamento ainda semi-caricatural dado por Jesús Blasco à figura de Cuto, que só nas aventuras seguintes começa a amadurecer, sem perder a sua valentia, o seu espírito de decisão, a sua alegre vivacidade.
Aliás, a evolução de Cuto foi constante. A partir de "O Mundo Perdido", Blasco abandonou certa estilização dos cenários e das personagens, enveredando por um grafismo mais realista, principalmente em relação às figuras secundárias. Cuto, esse permaneceu fiel ao modelo primitivo: menos caricatural, mas ainda com um ar agarotado e travesso.
Foi só em "Tragédia no Oriente" que ele apareceu com outro aspecto físico, mais adulto, que se consolidou em "Nos Domínios dos Sioux" e nas aventuras seguintes: "Cuto em Nápoles" e "O Caso dos Rapazes Desaparecidos", ambas publicadas n'O Gafanhoto.
Outra faceta de Cuto surge nas páginas cómicas que O Mosquito divulgou durante alguns números, a partir do 774, com o título genérico "Coisas de Cuto". Desejoso de humanizar o seu herói, Blasco deu vida e expressão gráfica a outro Cuto, mais divertido e fantasista, despido da "aura" heróica e aventureira, conseguindo que os leitores se identificassem também com ele.
E chegou a altura de falarmos de outra obra-prima de Jesús Blasco, a maior (e, para muitos, também a melhor) aventura de Cuto.
UMA EPOPEIA DO OESTE
Publicada n'O Mosquito, entre os n°s 796 e 892, poucos meses depois do extraordinário êxito alcançado por "Tragédia no Oriente", "Nos Domínios dos Sioux" é uma história de um realismo gráfico notável, um "western" de grande beleza ilustrativa, que O Mosquito, então a atravessar uma das suas melhores fases, soube realçar, apresentando os primeiros episódios em grande formato, nas páginas centrais, como nunca se viu no próprio Chicos.
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Por Jorge Magalhães | O Louletano, 11 de Maio 2009
O nosso herói chega a ser encerrado num caixão, que mãos misteriosas (de supostos fantasmas) empurram para uma cave prestes a ser inundada. Cuto salva-se graças ao seu extraordinário sangue-frio, mas não ganha para o susto... apesar das almas do outro mundo serem tão falsas como o disfarce utilizado pelos habitantes do castelo, uma quadrilha de ladrões de bancos, cuja nefasta carreira acaba num sangrento ajuste de contas.
"Cuto no Castelo do Terror" é uma história de transição — que cronologicamente antecede de alguns meses "Tragédia no Oriente", embora n'O Mosquito tenha sido publicada logo a seguir a esta aventura, entre os n°s 766 e 773 —, o que explica o tratamento ainda semi-caricatural dado por Jesús Blasco à figura de Cuto, que só nas aventuras seguintes começa a amadurecer, sem perder a sua valentia, o seu espírito de decisão, a sua alegre vivacidade.
Aliás, a evolução de Cuto foi constante. A partir de "O Mundo Perdido", Blasco abandonou certa estilização dos cenários e das personagens, enveredando por um grafismo mais realista, principalmente em relação às figuras secundárias. Cuto, esse permaneceu fiel ao modelo primitivo: menos caricatural, mas ainda com um ar agarotado e travesso.
Foi só em "Tragédia no Oriente" que ele apareceu com outro aspecto físico, mais adulto, que se consolidou em "Nos Domínios dos Sioux" e nas aventuras seguintes: "Cuto em Nápoles" e "O Caso dos Rapazes Desaparecidos", ambas publicadas n'O Gafanhoto.
Outra faceta de Cuto surge nas páginas cómicas que O Mosquito divulgou durante alguns números, a partir do 774, com o título genérico "Coisas de Cuto". Desejoso de humanizar o seu herói, Blasco deu vida e expressão gráfica a outro Cuto, mais divertido e fantasista, despido da "aura" heróica e aventureira, conseguindo que os leitores se identificassem também com ele.
E chegou a altura de falarmos de outra obra-prima de Jesús Blasco, a maior (e, para muitos, também a melhor) aventura de Cuto.
UMA EPOPEIA DO OESTE
Publicada n'O Mosquito, entre os n°s 796 e 892, poucos meses depois do extraordinário êxito alcançado por "Tragédia no Oriente", "Nos Domínios dos Sioux" é uma história de um realismo gráfico notável, um "western" de grande beleza ilustrativa, que O Mosquito, então a atravessar uma das suas melhores fases, soube realçar, apresentando os primeiros episódios em grande formato, nas páginas centrais, como nunca se viu no próprio Chicos.
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